Me acorda, num trinado, um pássaro a cantar na minha janela.
Me liga, triste, minha mãe, de Pelotas, às cinco da tarde: meu tio Wladimir - o que ama passarinhos - piorou.
- Tu endendes, minha filha, que não vou?
- Claro que entendo, mãe, que não vens. É teu irmão, fica com ele.
Está mal o tio, no hospital, com aquela doença que não respeita nem os que amam os passarinhos, nem os puros de alma: ninguém.
Me levanto do sono atrasado, num susto: sinto uma vontade outra de chorar. Gosto desse tio, do cabelo pouco, do olho azul, da risada pequena e doce em meio a fala mansa de erre torcido; do jeito tão calmo, tão bom.
Muita história me contou, de passarinhos, o tio.
(De bigornas, pois era ferreiro, também.)
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