segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
É o hábito de sofrer que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!


Carlos Drummond de Andrade - SENTIMENTO DO MUNDO

domingo, 23 de outubro de 2011

Meu Deus. Um grande elogio do supervisor escolar de Staten Island. Devo dançar pelo corredor ou abrir os braços e sair voando? Será que o mundo vai protestar se eu cantar?

Eu canto. No dia seguinte, digo à turma que conheço uma música de que ele vão gostar, com uma letra que era para dar um nó na língua. Cantamos verso após verso e eles riram enquanto tentavam desembaraçar a língua do rolo de palavras e não era bacana ver aquele professor ali cantando? Puxa, a escola devia ser assim todo dia, a gente escrevendo bilhetes de desculpa e os professores começando a cantar de repente sem nenhum motivo.

O motivo era que me dei conta de que na História da Humanidade havia material suficiente para escrever milhões de bilhetes de desculpa. Mais cedo ou mais tarde, todo mundo precisa de uma desculpa. E também se a gente cantou hoje podia cantar amanhã e por que não? Não é preciso uma desculpa para cantar.



fragmento do livro "Ei, professor". Frank Mc Court.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ideia insana para um velório

Talking Heads tocando a todo vapor. Sou capaz de ressuscitar!