(Um dia, foi numa cidade:
a vida cigana de então
pedia porto onde ancorasse.
Em Sevilha matriculou-se:
se nele é meteco, ninguém
habitou mais fundo esse porto
nem o soube do quê ao quem).
Hoje embarcou numa mulher.
Recifense, ele a chama de barcaça,
que é o barco mais feminino,
é mulher feita barco e casa.
Mas nunca fez por anular
o registro de barca antiga;
na barcaça pernambucana
na proa se lê: "Sevilha".
João Cabral de Melo Neto
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