Tenho a impressão que a falta e tempo é uma desculpa também para o que seria falta de inspiração. Na verdade inspiração não me falta e não falta para ninguém que tiver olhos para ver e coração para sentir. Não precisa muito: é só olhar para os lados ou para dentro. Idéias eu tenho, mil, para escrever. Por que desde que me conheço por gente sou viagem e viajante. Esta estória, por exemplo, aconteceu quando eu era bem criança. Minha professora, Niedi Leonidia, me contou sobre uma viagem à Florianópolis e, eu, de tão encantada que fiquei me adonei, e passei a dizer a quem quisesse ouvir que conhecia a cidade ilha - contava detalhes até; muito antes de conhecê-la e me apaixonar de verdade por ela. Até que minha mãe descobriu e me deu uns cutucões. Não adiantou muito nunca mais parei de viajar ( ah, e de distribuir gratuitamente sementes de viagens). Minha mãe é, e nem ela desconfia, um pouco culpada disso. Me ensinou muito cedo a ler.
Andava preocupada com os dias passando e nada de escrever. Os meus pensamentos, aqueles que viram textos, meio bêbados e confusos, me abandonaram nas festas de final de ano e agora já no ano novo continuavam, preguiçosos, de férias. O que acontece é que aquela enxurrada de pensamentos (que me tirava o sono e o sossego), textos quase prontos, precisando na maioria das vezes de uma lapidada miníma, cessou. Parou. Talvez por que coisas incrivelmente graves aconteceram de lá para cá. Então mente e corpo se ocuparam de coisas outras que não o escrever.
Agora o processo me parece mais suave e maduro. Mas persiste insistente. E bateu à minha porta e me intimou.
Acordei pronta para recomeçar, sem desculpas, sem resistências, deixando as idéias me tomarem por inteiro. Com a alma leve, delicadamente como quem reaprende a caminhar aqui estou a escrever nesta manhã de sábado.
O tempo esse mesmo que aleguei falta, me presenteou com um dia perfeito: chove lá fora. Chove uma chuva miuda, constante e fria. E o céu do meio-dia está de um brancoamarelado que nunca vi; leitoso, pondo uma luminosidade irreal nas coisas.
É isso que me toma neste momento. O imenso céu branco e os hibiscos cheios de flores nos galhos encurvados. Encharcados, mal se abrem mas mesmo assim me encantam os Mimos de Vênus. E enfeitam o pátio.
Nada mais tenho a dizer. A não ser que este é o canto que mais gosto da casa. Este, que sai da cozinha para o pátio com mesa e cadeiras e hibiscos cor-de-rosa.
Mesmo que a vida não esteja nem um pouco dessa cor é sempre um alento sentar ali e poder ver (sentir) desde as pedras cor de ferrugem da parede do fundo ( o cavalo marinho azul no mar laranja os vasinhos com flores pimenta manjericão o touceiral de bambus os gerânios na janela os hibiscos) até a bananeira - aquela famosa de Floripa que está cheia de frutos e que já rendeu pães de banana de tirar o chapéu, que foi literalmente tirado pelo Rodrigo de Boer numa reverência ao pão e à padeira. Ou simplesmente ficar olhando para o céu, pensando na vida ou em nada, tomando um café, conversando se tiver com quem, lendo, ouvindo música, de pernas pro ar. Afinal estou de férias.
E neste janeiro não viajo. só no pensamento.
Andava preocupada com os dias passando e nada de escrever. Os meus pensamentos, aqueles que viram textos, meio bêbados e confusos, me abandonaram nas festas de final de ano e agora já no ano novo continuavam, preguiçosos, de férias. O que acontece é que aquela enxurrada de pensamentos (que me tirava o sono e o sossego), textos quase prontos, precisando na maioria das vezes de uma lapidada miníma, cessou. Parou. Talvez por que coisas incrivelmente graves aconteceram de lá para cá. Então mente e corpo se ocuparam de coisas outras que não o escrever.
Agora o processo me parece mais suave e maduro. Mas persiste insistente. E bateu à minha porta e me intimou.
Acordei pronta para recomeçar, sem desculpas, sem resistências, deixando as idéias me tomarem por inteiro. Com a alma leve, delicadamente como quem reaprende a caminhar aqui estou a escrever nesta manhã de sábado.
O tempo esse mesmo que aleguei falta, me presenteou com um dia perfeito: chove lá fora. Chove uma chuva miuda, constante e fria. E o céu do meio-dia está de um brancoamarelado que nunca vi; leitoso, pondo uma luminosidade irreal nas coisas.
É isso que me toma neste momento. O imenso céu branco e os hibiscos cheios de flores nos galhos encurvados. Encharcados, mal se abrem mas mesmo assim me encantam os Mimos de Vênus. E enfeitam o pátio.
Nada mais tenho a dizer. A não ser que este é o canto que mais gosto da casa. Este, que sai da cozinha para o pátio com mesa e cadeiras e hibiscos cor-de-rosa.
Mesmo que a vida não esteja nem um pouco dessa cor é sempre um alento sentar ali e poder ver (sentir) desde as pedras cor de ferrugem da parede do fundo ( o cavalo marinho azul no mar laranja os vasinhos com flores pimenta manjericão o touceiral de bambus os gerânios na janela os hibiscos) até a bananeira - aquela famosa de Floripa que está cheia de frutos e que já rendeu pães de banana de tirar o chapéu, que foi literalmente tirado pelo Rodrigo de Boer numa reverência ao pão e à padeira. Ou simplesmente ficar olhando para o céu, pensando na vida ou em nada, tomando um café, conversando se tiver com quem, lendo, ouvindo música, de pernas pro ar. Afinal estou de férias.
E neste janeiro não viajo. só no pensamento.
foto: eu, em Ponta das Canas Florianópolis.
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