quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Essa porra tava fechada e eu passo onde eu quiser,caralho!"



Essa frase foi dita por um sujeito de uns 50 e poucos anos com uma boina de feltro meio pro lado meio malandro meio dono do mundo em meio a um trânsito caótico às 6 horas de uma tarde cheia de sol na avenida de acesso a uma cidadezinha da grande porto alegre. A porra fechada era a sinaleira e esse cara tão cheio de si quase foi atropelado – não sei bem quem quase atropelou quem , se o pedestre ou o cara da moto – por um simples motoqueiro nem um pouco dono do mundo, talvez nem da própria moto. “ Tu não podes passar por aqui!”, ele disse bem assustado, e a resposta aos berros foi a frase título. Tão alta que de dentro do carro com o som ligado eu ouvi. Ouvi também porque estou sempre ligada nessas pequenas coisas: crianças pessoas pivetes rua trem barco flor. Essa frase dita assim me fez pensar que eu me ligo nas coisas erradas. E meus olhos que estavam bem secos se encheram de água. Me lembrei que este ano tive que aprender a segurar as lágrimas dentro dos olhos. Tive também a experiência do atropelo com aviso de frente em cheio: perda total que seguro nenhum cobre. Perdi a felicidade de um dia para o outro simplesmente por ser assim desligada. Muitas vezes depois do acidente indo de carro por esta estrada de Cachoeirinha esburacada e um tanto bucólica com o morro lindo, do Chapéu de Sapucaia lá ao longe, pensei que se viesse um carro - um caminhão na contra mão não ia ser tão ruim.


Bem, o homem da boina o dono do mundo o que passa onde quer quase se fudeu. E, quanto a mim, passados alguns meses já penso que a perda afinal não foi tão grande.

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