domingo, 2 de novembro de 2008

in memória


Acordei hoje, segundo dia do mês de novembro, pensando em escrever algo para homenagear os mortos. Pensei no meu pai, mas ele está há trinta e oito anos semprevivo dentro de mim, com sua lavoura, sua preocupação com o tempo - sempre a indagar o céu com seus olhos azuis: "será que chove?" - sua horta, os bichos que criava, os torresmos, as compotas.
Me veio à lembrança, dona Jandir(a) e ela está mais viva do que nunca aqui: não esqueço do jeito que ela dizia, ao Paulo, "meu filho!", parecia que o " meu" era mais dela do que qualquer outro, e o filho também. Ela enchia a boca (e o coração) quando falava com o filho e as filhas, numa mostra constante do seu amor por eles.
Às vezes sobrava um pouco para mim, e eu aceitava contente aquele carinho de sogra ( mãe!).
Lembrei da minha avó Santa e do meu avô de Jesus, Silvino que nunca morrerram: tiveram quinze filhos. Ele ajudou no parto de boa parte deles. Pai de todos.
Depois de tantos partos virou parteiro. Parteiro, ferreiro, marceneiro, construtor, espírita e médico - até da alma - meu avô. Um dia veio se tratar com ele uma moça que sofria de tristeza: não havia depressão naquele tempo, nem psicólogo (não lá, naquele lugarejo perdido perto de nada!).
Meu avô ganhava tantos presentes quanto um médico, antigamente, nas cidades do interior... E a casa, esta vivia cheia de parentes e de gente vinda de todos os cantos.
Voltando aos meus mortos, eles não existem: todos estão bem vivos, tão vivos que enchem o meu peito de lembranças.
Tinha também a vó Otilia, a nona, e as fornadas e fornadas de cucas que ela deixava expostas em longas mesas feito obras de arte. Douradas de pêssego, açúcar e canela.

by maira dilli
porto alegre 2 de novembro de 2008

Um comentário:

Sidnei Schneider disse...

muito legal o blogue, maira.
aquele "perfilhou" das bananeiras
está demais.
bjs