De cima abaixo a lâmina brilhante
da vidraça estalou. E o vidro agora
fendido ao meio, espia o céu cá fora,
fendido ao meio, espia o céu cá fora,
com o olhar perdido em dois, pisco, hesitante...
Não sei o que secreto e lancinante
ali se esconde, - alma talvez que chora
e num esgar se estorce aflita,
e num esgar se estorce aflita,
embora a serena aparência do semblante.
.
Brinca-lhe o sol à face, a aura lhe adeja,
e o vidro, sem que alguém lhe ouça um gemido
ou o sofrer recôndito lhe veja,
e o vidro, sem que alguém lhe ouça um gemido
ou o sofrer recôndito lhe veja,
mudo, irônico, frio e incompreendido,
cortando anavalhado a luz que o beija,
parece estar-se a rir de estar ferido.
Alberto de Oliveira - 1927
Poesia Parnasiana, Antologia
Poesia Parnasiana, Antologia
2 comentários:
Oi, prima
Bonito poema
:)
Lindo texto, mas e essa foto heim?!?!? Achei fantástica, daria uma bela capa de um disco de baladas de jazz, ou de um futuro livro de crônicas de uma escritora, ou de um portfólio de uma tatuadora...
Fernando.
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