domingo, 31 de maio de 2009

da provável explosão

A maior danação é a dúvida
que levo, sob o braço,
como um fardo
ou no bolso.

E sempre se repete
com o mesmo arcabouço fértil.

Não discuto. O embrulho
tem as minúcias contadas, medidas e pesadas.

Pode explodir, granada,
ao mínimo decuido ou ruído.

Que importa?

Guardo-a, dúvida intacta
numa caixa,
com infância
e demais seres e haveres,
até que a morte me faça
soltá-la, com as borboletas
da caixa.


Carlos Nejar ( in Danações).

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prefiro a dúvida intacta à certas certezas
para que eu não me desencante.
Quando eu morrer, abram bem longe a caixa.

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