sábado, 6 de junho de 2009

O jeito que tu me amou fez com que eu não conseguisse - e não consiga - entender o teu não amor.
E a ausência de ti.
Tu fez eu gostar de mim. E criou, em mim, uma dependência de ti: da tua presença.
Me sinto, agora, abandonada à minha própria sorte.
(Que por motivos tantos, inclusive e principalmente a excessiva sensibilidade à tua ausência, não parece promissora.)

Posso, agora, te ligar a qualquer hora?
Posso te pedir, por exemplo, para pagar a minha conta telefônica, que veio enorme, por conta das nossas intermináveis conversas diárias, das tuas dores, e das minhas?
Posso me queixar do dedo do pé que dói, quebrado, por que eu pensava em ti, e caí?
Posso te ligar de madrugada, por que o frio e a solidão (e as dores disso), me assaltam todas as noites me tirando o sono?
Posso te ligar agora que estou à mesa do café e não consigo tomá-lo, por que tem um nó, que me engasga, na garganta?
Posso te pedir para que venhas e me dê, docemente, o café da manhã?

Posso abrir um livro, posso ler, escrever, te contar uma história, ouvir uma música (Morrisey! David Bowie!), ver um filme ( As sombras de Goia!); comer uma lasanha, ou uma pizza, ou uma torta de frango, ou arroz, feijão e bife; catar uns gravetos para a lareira, ir à Floripa e tomar banho de mar; posso me olhar no espelho, cortar o cabelo, posso por um perfume, posso fazer amor, posso dormir nua numa noite gelada, posso deixar alguém me abraçar; posso sentir o sol, o frio, o vento, ver o céu e as estrelas e a lua; posso olhar para aquele apartamento, de quarto e sala, para aquela casinha de madeira: posso viver, enfim, sem me lembrar de ti?

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