O nome não é a pessoa, mas minha vida seria completamente diferente se eu me chamasse, por exemplo, Oberon. Oberon Frenegaz de Hoz e Malgavia. Para começar, jamais teria dificuldade em reservar mesa em restaurantes.
- Es para Oberon Frenegaz de Hoz e Malgavia de Soler e Pantajas.
Uma pausa e o arremate:
- Tercero.
- Sim senhor. Uma mesa para quantos?
- Dez. Estarei sozinho.
Sim, porque, com um nome assim, mesmo sozinho você é um cortejo.
O nome que escolhemos, ao contrário do nome que nos dão, revela a idéia que fazemos de nós mesmos e os projetos secretos que sempre tivemos para nossas vidas e o nome dado impedia. Quem escolhe se chamar Oberon é porque tem ambições de Oberon. Planos de Oberon. Que, obviamente, boas coisas não podem ser. Minha mulher não entenderia.
- Mas Luis Fernando...
- Oberon.
- Mas Oberon... Esse bigode. Essa piteira de madrepérola. Você nem fumava.
- Cajate, mujer.
- E esse mau espanhol...
- No tengo que te dar explicaciones. Mis pantufas!
Luis Fernando Verissimo
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(Ri, às gargalhadas, quando li essa crônica no jornal de domingo.
O Verissimo é ótimo! E ele tem razão: talvez se o meu nome fosse outro, eu fosse mais dura.
Queria que meu nome fosse difícil e duro; e que eu fosse como o nome.)
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