Como me sinto mal aqui! Por que, então, não vou me embora? É tão simples. Sou livre para fazer o que bem entendo... Essa talvez seja a questão: eu bem entendo?
O que procuro, o que quero, o que espero? E o que me prende aqui?
Juro que não sei. A confusão é tamanha que estou enfiada dentro deste apartamento, um calor insuportável de não sei quantos - certamente não menos do que trinta e tantos graus, fazendo nada que preste. Absolutamente. A não ser os melhores bolinhos de batata recheados do mundo. Que eu faço, mas não precisava ter feito. Não nesse calorão desgraçado. Fiz porque não tinha nada para fazer. E queria comê-los com uma cerveja gelada. Comi e bebi. Também queria fazer amor à tarde. Não fiz.
E lá se foi mais uma tarde de domingo - a última das minhas férias inultimente gastas com o meu inutilíssimo querer.
Escuto agora no comecinho da noite a Banda Bardo, uma banda desconhecida por aqui, de música italiana moderna, que amo ouvir(porque tenho um caso de amor incorrigível, há muito tempo, com a língua italiana). Presente do Cesar: o segundo melhor presente do ano que passou. O melhor foi outro CD, também com música italiana, que o Felipe me deu numa das jantas lá em casa. E só é o melhor porque veio antes; e eu ouvi tanto que decorei todas as letras, entraram na minha cabeça de tal modo que eu fico cantarolando e lembrando delas mesmo quando não estou propriamente pensando na música.
É como quando a gente gosta muito de alguém. Quando ama. É assim com tudo que é paixão. Entra no sangue, no cérebro, nas veias. Toma conta. Ah, se todos amores fossem como a música, que mexe, desacomoda, desassossega até, mas só faz bem; deixa feliz.
Às vezes, hoje mesmo com esse calorão a ferver os miolos, eu penso que podia muito bem viver - e viver bem - sem ninguém; quero dizer sem amor. Sem Amor!(sem sexo acho quase impossível - talvez um dia eu chegue a essa perfeição, seria sublimação no meu caso, mas duvido sei bem da minha natureza fraca e terrena.)
Acho que é possível ficar só com a música. Essa eu morria sem. Quero sempre poder ouvir a música de todos que eu gosto, que eu amo: David Bowie, Morrissey, Talking Heads, Chico. E conhecer sempre mais, como essa música da Itália, contemporânea, que os amigos Cesar e Felipe sabiamente me presentearam.
Recebi também no ano que passou um outro presente, este, porém, inesperado e inusitado: um trabalho que me deu muita emoção e prazer, porque tem a ver com outro amor, a Literatura.
Peguei como a um presente a incumbência de organizar e tomar conta, como me aprouver, da biblioteca do Sr. Victor Ávila, pai da minha cunhada Cátia, falecido no inverno passado. Em meio a um sem número de livros encontrei um pequeno tesouro: uma pilha de discos de vinil. Alguns, raros eu creio.
O que importa é que posso ouvir música de todos os lugares a hora que eu quiser. Frank Sinatra, Carlos Gardel, Barbra Streisand ou coisas como um bang bang à italiana. O tema do filme "O dólar furado", por exemplo, "Um violinista no telhado"; ou um chorinho ou uma rumba. Que beleza!
E quando eu tiver vontade, pulo a cerca e vejo um bom filme. Outra paixão.
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