sábado, 27 de junho de 2009

Babete

Baixou a Babete em mim: digo isso quando amanheço com o espírito de cozinhar, ou seja, afim de preparar mil comidas boas num dia só, como hoje.
Comidas que, modéstia à parte, eu sei fazer muito bem: uma torta de cebolas ou de frango (a preferida do Paulo); pães - os mais diversos, doces ou salgados, recheados ou não- ; a melhor ambrosia e o melhor arroz-doce do mundo; sopas; pizzas - com bordas e tudo! - e uns patês de grão-de-bico ou beringela; um simples arroz feito com alho e óleo em panela de ferro e batatas fritas saborosas.
Ou um pesto feito à mão, com manjericão que eu mesma planto em vasinhos esparramados pelo quintal.
(Num sábado desses, fui com o Felipe - outro amante da cozinha! - à Feira Ecológica da Redenção; compramos frutas, alguns legumes e temperos - e comemos bergamotas ao sol. Comprei, também, inhame (um tubérculo feio e sem graça) e fiz com ele, um pão tão dourado e brilhante, que parecia papel mache.)
Muitas vezes na vida me senti um pouco Babete, seduzindo todos com a minha comida. Mas diferente da Babete (do filme, e do livro de Karen Blixen), é surpreendente para mim a reação das pessoas frente à algumas comidas que preparo.
(Há pouco tempo o César me disse, com um pedaço de pizza à frente, que não existia lugar no mundo igual à minha cozinha. Tive que acreditar; ele recém havia chegado da Sardenha!)
Talvez mais do que a própria comida que é realmente boa, o ambiente à mesa, nessa cozinha tão simples, foi, inúmeras vezes uma verdadeira Festa de Babete.
Hoje, por exemplo, o almoço era "spaghetti al pesto" e sagú de vinho tinto com creme de baunilha: "un vero pranzo" à italiana. O molho pesto foi feito com manjericão fresco do meu quintal, isso não é novidade, mas as nozes - morram de inveja! - também são novissímas, direto de uma nogueira do alto Teresópolis: presente de um amigo, o Fernando, que mora por lá.
À noite foi a vez da cozinha alemã: sopa de batatas, de entrada, e torta de cebolas como único e mais do que suficiente, prato principal. E uma cerveja escura para completar.

Sinto, no entanto, falta de algumas pessoas: Babete não é mais a mesma.
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foto: bolo de laranja e ambrosia, madri 2008.

Um comentário:

julio disse...
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