quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Luz da Lua


Pego uma maçã, sento na rua e olho pro céu: a lua está bem pequena e corre ligeira por entre as nuvens.
Me recosto melhor na cadeira; as nuvens parecem leite talhado no céu.
Olho a lua e ela de repente se agiganta atrás de uma nuvem redonda: fica quase um sol. Eu acho graça.
Fico viajando no céu do meu quintal - uma banda de rock, o Talking Heads, canta no meu ouvido e dança na minha cabeça - enquanto devoro a maçã.
(Não sei se se pode chamar de quintal esse pátio pequeno nos fundos da minha casa: tem bananeira, bergamota, bambú e manjericão. Será que dá para chamar de quintal?).
Não preciso de controle remoto algum para mudar o céu. Em um minuto ele se torna suave, esmaecido como uma aquarela.
Quase me deito na cadeira; penso na vida, no absurdo da vida: penso no Paulo, e ele está tão longe. (Sinto uma falta dele!)
Olho outra vez para o céu e vejo que as nuvens mudaram outra vez. Agora estão compactas, maiores e mais escuras.
E a lua?
A Lua, num clarão, brilha amarela e linda no céu. Sorrio triste.
Enxergo bem aqui fora com a luz da lua. Lá dentro, à luz ruim das lâmpadas fluorescentes, enxergo mal - me incomoda o nevoeiro das cataratas.
Saudade do tempo que eu era só míope e o Paulo me levava pela mão.

(para quem quiser saber de mim: como podem ver, vejo cada vez menos)

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