segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A MISÉRIA do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.

Ninguém conhece quem sou.
Nem eu mesmo me conheço,
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.

É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?

1033 - Fernando Pessoa
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(assim me sinto, muitas vezes,
vivendo onde não estou - com quem não me vê.
Às vezes caio, e me dou conta de mim
Porque me doem os joelhos,
ou os cotovelos,
Ou outra parte de mim!)

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