terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ida,108 anos.

Na sala dos professores falávamos sobre fases da vida: paixões - que é fase de vida inteira para muitos -, maturidade, etc.
 Um falou sobre a fase da dor, que um dia todos sentiremos dor aqui, dor ali... Eu discordava dessa fase, obrigatória, da dor. O colega que havia puxado a conversa (ao me ver falando sobre o amor e a paixão), concordando comigo, em como tudo é relativo e que cada um é um, contou de uma tia que morreu aos 108 anos sem ter nunca se queixado de dor.
E se teve, alguma, ninguém lembra ou está vivo para contar: ia somando anos como se não fizessem o menor peso, a tia.
Ida, era o nome dela.
Um dia acordou pedindo que colhessem laranjas do pé, queria um suco de verdade - não queria esses de caixinha, artificiais, sem graça, aguados. A neta que estava por ali apanhou, espremeu as laranjas, satisfez a vontade da avó. Ela bebeu tranquila; tranquila agradeceu. Se ajeitou na velha cadeira e, esquecida de tudo que andava, se lembrou de morrer naquela hora.
Levando o gosto bom das laranjas foi, Ida.

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