segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os meninos da rua Paulo


" Nemecsek tirou o chapéu.
- A quem cumprimentaste ? - perguntou-lhe Boka.
- Não há ninguém em toda a rua.
- Cumprimentei ao Senhor Professor Rácz - respondeu baixo o lourinho.
Boka pôs-se a chorar. Apressando-se, arrastava o amiguinho, enquanto a escuridão envolvia a rua.
Entretanto, no grund, Kolnay criou coragem e disse ao homem de barba preta:
- Olhe, esse Nemecsek é um mentiroso. Nós o proclamamos traidor e o expulsamos da sociedade.
O pai, feliz, concordou:
- Não me admira. Não gostei da cara dele: deve ter um peso na consciência.
E foi-se para casa, contente, ansioso de perdoar ao filho. Na esquina da avenida de Üllö ainda viu Boka ajudando Nemecsek a atravessar a rua em frente do Hospital.
A esta altura Nemecsek também estava chorando, com uma tristeza infinita, com toda a amargura de seu coração de soldado raso, e naquele choro febril repetia resmungando, sem parar:
- Escreveram-me o nome todo em minúsculas... coitadinho do meu nome honesto, todo em minúsculas... "

fragmento do romance " Os meninos da rua Paulo", de Ferenc Molnár.

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