domingo, 26 de julho de 2009

Corre, Bárbara, corre

Percebi, surpresa, que quando corro, esqueço da desesperança (para não dizer desespero) em que me encontro.
E aqueles motivos para correr, que normalmente as pessoas não gostam e muitas vezes temem, passaram a ser para mim, motivos de prazer. Pelo alívio, esquecimento ou leveza - de alma - que me podem dar.
Corre, Bárbara, corre: foge da tua dor!
Corre para o õnibus, para o trem.
Corre para não se atrasar.
Corre para o bar - ouvir música, ver gente.
Corre de medo de ladrão - de madrugada quando chegas.
Corre, por correr: para lugar nenhum (não te dói mais o lado direito - doía antes, como se fosse a vesícula - investiguei; fiz até uns exames bem delicados: minha vesícula está ótima.) agora que não dói mais lado nenhum. A não ser o lado esquerdo, onde se aloja a alma: esse dói toda a dor. Não sei quando vai parar.
Talvez se eu correr muito; talvez se eu correr até a Espanha (até Vigo. Não, até Vigo, não!) ou até a Itália - lá no calcanhar - pare de doer, a falta que tu me faz.

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(Um dia vi um filme: "Corre, Lola, corre". Gostei muito. Gostamos.)

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