terça-feira, 14 de julho de 2009

Não: nada quero, nada vou querer.
Só o silêncio, que me dói saber
Que nada sou nem quero, me vem dar
A sensação de nada desejar.

Bem sei: há rosas em jardins de alguém;
No alto do céu a lua brilha bem;
O amor é jovem sempre, e o fado mudo.
Mas nada quero, pois negar é tudo.

Talvez que noutro clima do mistério,
Sob outro signo de outro ser sidério,
Se me abra a porta ou se me mostre a estrada...
Neste momento só não quero nada.

Fernando Pessoa, in POESIA (1931 - 1935).

Um comentário:

Manu disse...

carajo! meu deu vontade de xingar de tão bom.