Me pediram, hoje à tarde, para que eu ficasse um pouco com uma turma de quarto ano, enquanto a professora resolvia uns assuntos com a orientação da escola.
Quando cheguei na sala, que fica no segundo piso, a porta estava fechada. A voz firme da professora Leonor me fez parar antes de bater: ensinava matemática aos alunos. A aula estava tão boa que resolvi esperar um pouco.
Depois de alguns minutos bati à porta. Leonor falou aos alunos que estavam em meio a uma explicação importante, logo, ela não iria deixar nenhuma atividade outra para eles; que eles se comportassem, que ela não queria queixa alguma... e, sem banheiro!
Eu, carregava comigo um livro de crônicas; resolvi, então, contar-lhes uma história. Escolhi a que dava título ao livro: de um cão chamado Shark, um bull terrier que levou uma facada nas costas ao atacar alguém que tinha ajudado a criá-lo.
As crianças adoraram e quando souberam que o texto era de um namorado meu, que a história era de verdade e tinha acontecido na minha cozinha, ficaram muito curiosos. Queriam saber se as outras histórias do livro eram também do " meu namorado" (disse que era "ex", eles não me deram ouvidos: estavam tão próximos do escritor e dos personagens, que eu não quis quebrar o encanto...) e, o melhor de tudo, se tinha aquele livro na biblioteca?
A coisa não parou aí. Na hora do recreio, me surpreendi mais ainda. Um dos alunos daquela turma se aproximou e disse com ar importante: "Gostei da história! Vamos até a biblioteca, ver se tem lá!"
Fui com ele; reviramos a biblioteca da escola à cata do dito livro: não tinha.
Com recomendações de todo cuidado, emprestei-lhe o meu. E que me devolvesse sem demora, porque esse é um livro muito especial.
Acho que plantei uma sementinha - a da curiosidade de ler - não só no pequeno Ruan, mas em toda a Turma 43. Por conta disso, ganhei a tarde - o dia - e uns beijos a mais.
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